Fashion Groove: Como Chappell Roan conecta a moda com suas músicas

O estilo e maquiagem da cantora carregam diversas referências do universo Drag Queen

Assim como a moda, a música sempre foi uma maneira de se expressar e se conectar com grupos e estilos diferentes. Mas a relação entre moda e música vai muito além desta conexão de propósitos, diversos estilos musicais e utilizam da moda como um grande pilar para a criação de sua identidade estética, a forma de se vestir funciona para alguns artistas como uma extensão do seu som, e os grupos de fãs e entusiastas também acabam por se encaixar em certas subculturas da moda que conversam com seus interesses musicais. E essa relação é clara, vibrante, e chamativa quando olhamos para a cantora pop Chapell Roan.

A conexão entre moda e música é tão forte que às vezes se torna difícil separar as duas esferas, um gênero musical tende a criar uma imagem que acompanha uma forma específica de se vestir. Como, por exemplo, o rap que está muito associado às roupas oversized e o estilo streetwear como um todo. Mas um dos principais estilos onde podemos ver e entender esta fusão com a moda é no pop, afinal esse é um estilo que traz como inspiração elementos de diversos gêneros e usa das vestimentas como uma forma clara de criar uma mensagem e imagem sobre os artistas. 

Afinal, dentro da música pop a imagem e estética é parte crucial da carreira de qualquer artista. Olhando para o presente da música e da moda, podemos usar como exemplo um dos nomes em ascensão no gênero: Chappell Roan. A mais nova vencedora do título "Novo Artista" em uma das maiores premiações do mundo da música, o VMAs, se destaca em sua maneira de ligar suas melodias com a moda. Chappell capturou a atenção do público mainstream não apenas com suas letras instigantes e cantantes, mas também com a estética que a artista traz para todas as suas aparições.

Chappell revelou que "Barbie: Lago dos Cines" (2003) foi uma das inspirações para este look

Além de se esforçar em suas criações musicais, ela também demonstra grande cuidado na hora de se vestir, seja para clipes musicais, apresentações ao vivo e até mesmo em eventos e entrevistas, Chappell cria uma história contada através da junção da sua música com o seu styling. Ela aposta em looks que chamam a atenção, e apostam no exagero e na cultura Drag Queen (afinal, a própria cantora considera sua persona artística como uma Drag Queen.)

Chappell traz temas e tendências em suas músicas comuns nas relações atuais, mas que dialogam principalmente com a vivência queer, uma comunidade que se vê refletida não apenas em suas músicas, mas também em suas roupas. Em sua apresentação no VMAs, Chapell aparece vestida como uma cavaleira em sua performance do single “Good Luck Babe” e luta com um grupo de dançarinos masculinos vestidos da mesma forma. A letra da música fala sobre o término do relacionamento com uma mulher que não havia intenção de se assumir e levar o relacionamento a sério, e muitos fãs começaram a teorizar a relação entre os sentimentos abordados na canção e a estética criada através das roupas e da apresentação de Chappell no evento.

Mesmo que a própria tenha se manifestado dizendo que não havia montado a apresentação pensando em algum “significado secreto”, ela também diz que a arte não é apenas dela e as pessoas podem interpretar do jeito que quiserem, desde que não machuque ninguém. E a inspiração que a arte musical e de estilo de Chappell traz para os fãs é muito visível.

Chapell dedicou seu prêmio de Artista Revelação no VMAs às Drag Queens, à comunidade LGBTQIA+ e aos seus fãs

Diversos influenciadores aderiram à tendência de realizar uma maquiagem inspirada pela capa do álbum de lançamento da artista “The Rise and Fall of a Midwest Princess”, e toda a estética de moda do disco e seus videoclipes serve de inspiração na hora de fãs criarem o look ideal para assistir ao show de Chappell Roan. Botas de cowboy, franjas, vestidos de formatura com maquiagens extravagantes e muito mais podem ser encontrados nesses espaços, refletindo uma estética muito importante para o universo LGBTQIA+: o camp, aquilo que é exagerado e não natural, apostando no maximalismo para se expressar.

Chappell Roan é apenas um dos exemplos onde a moda e a música andam lado a lado, mas com sua ascendente presença e influência dentro do mundo pop é possível prever e esperar grandes tendências colocadas pela artista, seja nos fones de ouvido ou no guarda-roupa.